O seguro para prestações em caso de desemprego está em alta entre os brasileiros, as indenizações já somam mais de 663 milhões de reais. Dados apenas do primeiro semestre de 2016.
A crise do mercado de trabalho este ano fechou mais de 650 mil vagas, levou muitos brasileiros a conhecerem de perto uma modalidade de seguro de baixo valor e que promete quitar prestações em caso de desemprego. Geralmente a proteção para esse ramo de seguro tem parcelas de baixo custo, próximas a R$ 10 e são feita junto com o contrato de um financiamento. Trata se de um empréstimo ou parcelas de dívidas de cartão de crédito, crediário e cheque especial. No primeiro semestre, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a modalidade conhecida como seguro de prestações ou prestamista deu um salto no volume das indenizações: o percentual cresceu 23%, totalizando mais de R$ 663 milhões. O principal motivo dos resgates foi a perda involuntária do emprego.
O mercado desse seguro para prestações com pequeno porte é próspero, movimentou R$ 3,7 bilhões no primeiro semestre e tem despertado o interesse de bancos e seguradoras. A carteira que vem garantindo clientela farta pode ajudar as famílias em momento de aperto com as prestações, mas, ao mesmo tempo, é preciso atenção, porque as cláusulas de exclusão podem ser muito desfavoráveis ao consumidor. O crescimento da modalidade também expõe um ponto crítico do segmento: a informação que nem sempre atinge o beneficiário. Muitos acabam aderindo ao produto, mas não sabem ao certo como podem de fato usá-lo.
Para o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, ao vender o produto não basta que os bancos ou redes de lojas entreguem uma apólice de extensa leitura, com letras miúdas, ao consumidor. Também não vale empurrar o produto na fatura, sem antes consultar o cliente. “Os vendedores do produto devem explicar ao consumidor em quais circunstâncias ele poderá usar o seguro, quais são as carências, qual prazo ele tem para solicitar a indenização, quais documentos vai precisar.” E ainda: “Em uma apólice de seguro, muitas vezes, mais importante do que saber o que está coberto é se informar sobre o que a modalidade não cobre”, alerta.
o ano passado, Gilmara Silva, de 21 anos, contratou um seguro prestamista no valor de R$ 7,99 e foi pega pela desinformação. Ela conta que aderiu ao produto porque achou a proposta interessante. Na loja de departamento na qual fechou o negócio foi explicado que o seguro quitaria sua fatura em caso de desemprego involuntário. Quando Gilmara pagava a sétima prestação, o inesperado aconteceu e ela foi dispensada da loja onde trabalhava como atendente. “Quando procurei o seguro para pedir a indenização, não consegui quitar nenhuma dívida. Informaram que o produto tinha uma carência de 12 meses. Fiquei decepcionada, paguei a fatura e cancelei o cartão”, contou.
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Fonte: CQCS